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quinta-feira, 27 de maio de 2010

Gravipedia

Texto original na revista Época seg, 06/07/09 por Isabel Clemente


Abaixo a lista do que não dizer (e/ou não fazer):

- “Agora você está com cara de mãe!” É uma variação da frase que magoou minha amiga. O que é ter “cara de mãe”? Ter olheiras, um ar de cansaço permanente, bochechas gordinhas e papo? Nenhuma das hipóteses é boa. Que tal tentar elogiar o que a pessoa tem de bonito? Seu cabelo está com mais brilho!

- “Ainda não inchou?” Isso é um aviso ou uma praga?

- “Você já está com quanto, cinco meses?” Jamais, nunca, em hipótese alguma, chute o tempo da gestação. Se a mulher ainda estiver no início da gravidez ficará arrasada e se estiver no final, preocupada. Tamanho não é documento. E mesmo exibindo uma barriga pequena, o que, para muitas, é motivo de comemoração, já ouvi comentários que beiravam a crítica, tipo “mas você está comendo o suficiente?”. Dá vontade de dizer: não, comecei um regime radical e pretendo acabar essa gravidez com dez quilos a menos, pebrobó.

- “Nossa, sua barriga está enooooooorme!” Todas nos sentimos, em algum momento, como um paquiderme desengonçado. Essa observação destrói a autoestima.

- “Quanto você já engordou?” Essa parte você pode deixar para o obstetra, ok?

- “Você é louca? Parto normal é anormal!” Meu primeiro parto foi normal e espero que o segundo também seja, mas já ouvi conselhos até de médicos que afirmaram, do alto de sua experiência masculina, que a cesárea é muito melhor. Só me ocorreu perguntar a quantos partos ele já tinha se submetido para dizer isso com tanta convicção. Eu sei, foi uma resposta malcriada, mas os estudos, as provas científicas, a experiência e a natureza dizem que, se a cesárea não for realmente necessária para manter mãe e bebê fora de perigo, o parto natural é o caminho para a recuperação mais rápida, com menos riscos, visto que não é uma cirurgia, que o bebê nasce na hora em que estiver prontinho mesmo etc. Moral da história é a seguinte: não critique a opção de parto da gestante, mesmo que isso vá contra suas convicções.

- “Foi planejada essa gravidez?” Que tipo de informação querem arrancar da grávida? Se ela está feliz ou decepcionada? Filhos são uma dádiva, planejados ou não.

- “Posso pegar na sua barriga?” Isso é muito controverso. Se essa pergunta vier de completos estranhos, como já aconteceu comigo no supermercado, a resposta é obviamente não. Desde quando as pessoas andam por aí tocando as barrigas umas das outras? Agora, entre amigos, a coisa muda de figura. Há curiosidade para sentir o bebê mexer, ou puro fascínio pelo mistério de saber da presença de um ser vivo dentro de um ventre. É instigante mesmo.

- “Descanse agora, querida, porque depois…” Essas fatídicas previsões sobre o futuro da nova mãe não ajudam em nada, até porque, se ela estiver no final da gravidez, provavelmente já não está tendo muito descanso mesmo. Já tentou dormir com alguém te chutando por dentro ou com soluço? Minha filha tem soluço à beça, sobretudo na hora em que deito. Se está com pena mesmo, ofereça ajuda.

- “Bom mesmo é quando eles estão dentro da nossa barriga, não é mesmo?” É uma variação da frase anterior e soa tão descabida quanto dizer na cara-dura “você não preferia não ter de conhecer seu filho?”. Eu, hein.

- Não conte histórias tristes, sobre partos demorados ou uma cesárea complicada. Se não tiver algo legal para acrescentar, não diga nada. Grávidas podem ficar muito impressionadas. Melhor fazê-las rir.”

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